Fonte: O Dia
Marcos Pereira da Silva é investigado por suposto envolvimento com o tráfico de drogas
Rio - O Instituto Vida Renovada, comandado pelo pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, que é investigado por associação para o tráfico de drogas, estupro e tortura, não vai receber dinheiro do estado para cuidar de dependentes químicos. Ontem, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, voltou atrás e decidiu não assinar mais contrato com a ONG.
Como O DIA mostrou, com exclusividade, o instituto — da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias — foi uma das sete ONGs selecionadas em abril pela secretaria para administrar clínicas de reabilitação de dependentes químicos. Por ano, a ONG do pastor Marcos receberia R$ 1,296 milhão.
A contratação das sete clínicas, incluindo a do Instituto Vida Renovada, foi apresentada pela secretaria como solução para problema revelado por O DIA domingo: das três unidades de atendimento gratuito a viciados, uma fechou e duas funcionam precariamente. Enquanto isso, mil pessoas que lutam para tentar largar o vício esperam em uma fila sem previsão.
Em nota, a secretaria afirma que “somente estabelecerá convênios com instituições habilitadas no processo de seleção pública 2/2012 e que não tenham qualquer questionamento quanto às suas atividades”. E que pediu informações sobre o inquérito da Delegacia de Combate às Drogas. O pastor reagiu: “Desafio qualquer um provar que o Vida Renovada não é idôneo”.
Pastor sob suspeita
ONG comandada por pastor investigado por associação para o tráfico de drogas iria receber o dinheiro do governo estadual para reabilitar dependentes químicos. O Instituto Vida Renovada, do pastor Marcos, foi um dos sete selecionados pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos para administrar clínicas públicas.
As sete clínicas vão receber, anualmente, R$ 10,3 milhões do governo. Elas foram apresentadas pela secretaria como solução para o problema revelado por O DIA domingo: das três unidades de atendimento gratuito a viciados, uma fechou e duas funcionam precariamente. Enquanto isso, mil pessoas aguardam internação.As acusações contra o pastor foram feitas pelo líder do AfroReggae, José Jr., e pelo pastor Rogério Menezes, seu ex-braço direito. Pereira é fundador da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, responsável pela ONG.
O resultado do processo de seleção do edital 001/2012 da Secretaria de Assistência Social foi assinado pelo coordenador Leonardo Costa, e divulgado no site do órgão em 30 de abril. Lá consta que o Instituto Vida Renovada é uma das duas ONGs que vai atuar em 12 cidades da Baixada, como Duque Caxias e Nova Iguaçu.
Seleção deixa 49 cidades sem clínicas
A seleção de ONGs que administrarão clínicas de recuperação de dependentes químicos com recursos do estado deixou 49 municípios sem referência para tratamento de viciados. Apesar de o secretário Rodrigo Neves garantir que um dos critérios para a escolha das instituições tenha sido a regionalização, documento com o resultado final do processo seletivo mostra que cidades do Sul Fluminense, Serra, Norte e Noroeste ficaram “sem projeto habilitado”.
O resultado da seleção, assinado pelo coordenador da Comissão de Seleção, Leonardo Costa, foi publicado no site da secretaria em 30 de abril. Ao ser questionado por que 49 municípios não contaram com nenhuma instituição, Neves garantiu que as ONGs Associação Nova Aliança e Instituto Aldeia Gideão “vão assumir a demanda” das três regiões.
Usuários de drogas que buscam internação em Paraty, por exemplo, terão que ser internados na Clínica Ricardo Iberê Gilson, em Juparanã, Valença, a 230 km.
Convênio pode ser revisto
Ao ser questionado sobre os critérios que levaram à escolha do Vida Renovada, o secretário de Assistência Social, Rodrigo Neves, alegou que a ONG do pastor Marcos ‘talvez não assine o convênio com o estado’, dia 28. Na data, o estado anunciará a criação de 320 leitos.
“O instituto apresentou a documentação exigida e o projeto técnico. Entretanto, como há denúncias sobre a idoneidade da ONG, solicitamos aos órgãos competentes informações mais detalhadas”, argumentou Neves. O documento que informa as ONGs selecionadas, porém, diz que, conforme ‘análise jurídica da secretaria’, chegou-se ao ‘resultado final’.
Pastor nega pagamento de bandidos
Em depoimento na Dcod semana passada, segundo a delegada Valéria de Aragão, o pastor Marcos negou as acusações de ligação com o tráfico. Entre as denúncias, Marcos cobraria até R$ 20 mil de bandidos para pregar em favelas e teria se associado a eles em ataques no Rio em 2006.
“Desafio quem tiver provas sobre essas calúnias. Se me beneficiasse (com o tráfico), não moraria em cima da minha igreja (em Meriti). Nosso instituto é idôneo”.
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