Fonte: Expresso.pt
"Cannabis college" de Oakland faz quatro anos. Primeira universidade norte-americana dedicada ao estudo dessa substância tem 17.000 alunos. Cultivo e indústria da canabis proliferam na Califórnia.
Desde a sua fundação em 2007 pelo horticultor e ativista Richard Lee , mais de 17.000 estudantes já se matricularam na Oaksterdam , primeira universidade norte-americana especializada em canabis.
O consumo de marijuana continua proibido nos EUA - a não ser que seja prescrita por uma médico como analgésico ou coadjuvante no tratamento de uma doença crónica - mas já é possível frequentar um curso para aprender a plantar e obter a máxima produtividade com a sua cultura.
O nome da instituição é uma combinação das palavras Oakland, cidade onde fica situada a escola, e Amsterdão, capital da Holanda onde o consumo de marijuana está liberado. A maior parte dos alunos é norte-americana, mas há muitos procedentes da Colombia e até de países distantes como o Irão, que procuram formação específica para a lucrativa indústria farmacêutica da canabis.
O conceito da universidade de Oakland foi inspirado numa instituição semelhante existente em Amsterdão. Richard Lee pensou que poderia fazer o mesmo em Bay Area . Uma abordagem profissional e transparente poderia ajuda a acabar com o estigma da canabis como droga e eventualmente promover a sua legalização. Alguns dos seus alunos abraçaram a agressiva campanha liderada pelo ativista no ano passado a favor da legalização e taxação da canabis.
Universidade sui generis
Mas a Oaksterdam, que começou com cerca de 20 alunos, não serve apenas para estudar os "tipos de marijuana e os seus efeitos psicológicos" ou "como cuidar de uma estufa de canabis". O seu fundador, com a ajuda de nove professores e alguns alunos, é o autor da proposta aprovada no ano passado na Califórnia para a legalização da produção da planta da canabis em escala industrial, o processamento e a sua comercialização.
"Não queríamos só a liberalização do consumo, mas mostrar que é um negócio viável para gerar empregos e lucros, disse Richard Lee.
Com um défice financeiro de 20 mil milhões de dólares, a maconha é uma esperança para livrar a Califórnia da bancarrota. No estado californiano, a produção de cannabis já movimenta cerca de 14 mil milhões de dólares, sete vezes mais do que a cultura da uva, igualmente importante para a economia local.
Fins medicinais, negócio lucrativo
A Califórnia liberou a venda da canabis para fins medicinais em 1996 (são já 14 os estados norte-americanos que permitem a venda e consumo como, por exemplo, analgéisco para as dores da artrite). Desde então, regulamentou a plantação e a produção em larga escala, em quintas com mais de 30.000 metros quadrados, o que deverá aumentar a produção, passando de 3 toneladas anuais para 31.
No ano passado, o estado da Califórnia tinha 20 milhões de plantas de canabis, 200 mil consumidores registados e uma arrecadação de 200 milhões de dólares de impostos derivados da canabis. Uma pesquisa feita por deputados favoráveis à proposta de Richard Lee aponta que, com a nova lei, o estado poderá vir a arrecadar 1,4 mil milhões por ano.
Entretanto, proliferam também as plantações domésticas (o que dificulta a arrecadação de impostos) e os incêndios em armazéns, abarrotados com cannabis, em quantidades várias vezes superior ao limite legal permitido.
É crescente, também, o comércio associado à canabis. Desde indústrias e lojas especializadas em cachimbos e outros artefatos para o consumo à roupas, cereais e suplementos nutricionais produzidos com a semente ou a fibra, denominada cânhamo , além de estufas, insumos e instrumentos agrícolas para o plantio doméstico de canabis.
"Capital da canabis"
A weGrow, já apontado como o "Wal-Mart da canabis", é um dos exemplos mais sonantes dessa explosão. O megamercado ocupa um edifício com 1400 metros quadrados em Oakland, com tudo o que é necessário para uma produção doméstica. Para comprar qualquer coisa, é necessário que um médico de serviço avalia se o cliente tem o perfil exigido.
Como obter a máxima produtividade aprende-se na universidade Oaksterdam, mas técnicos da empresa we-Grow podem visitar a uniade produtiva para ajudar a melhorar o desempenho.
Oaklant quer ser a capital da canabis nos EUA. Mas apesar da promessa de lucros, a iniciativa de aprovar a produção em escala industrial tem sido também contestada.
Há quem afirme que as novas regras irão favorecer as grandes superfícies e grandes empresários e acabar com os pequenos produtores e comerciantes. Alguns médicos e psiquiatras afirmam que a liberalização total da canabis poderá vir a sobrecarregar o sistema público de saúde e não compensar a arrecadação extra de impostos. A polícia de Oakland, por sua vez, continua a associar a canabis à criminalidade, enquanto os bombeiros queixam-se do crescente número de incêndios nos armazéns, abarrotados com canabis processada como se fossem barris de pólvora.
Entretanto, no passado dia 10, o Departamento de saúde de New Jersey realizou uma reunião para analisar como o estado vai regulamentar o uso medicinal da canabis.
Há mais de um ano, a droga foi aprovada para pacientes que sofrem de determinadas doenças. Doentes e defensores do consumo para fins terapêuticos dizem que as regras não são práticas. Os legisladores, por sua vez, admitem a sua revisão.
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