Fonte: O Globo
RIO - Numa das maiores pesquisas já realizadas sobre os efeitos do ecstasy no cérebro - pílula usada por cerca de 12 milhões de indivíduos só nos Estados Unidos e por outros milhões em todo o mundo - especialistas não observaram sinais de danos cognitivos relacionados ao consumo desta droga, o que contradiz investigações prévias. O trabalho foi financiado pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA, na sigla em inglês) e publicado hoje na revista "Addiction".
De acordo com os autores, o ecstasy parece que não afeta a capacidade mental. Os novos dados surpreendem porque pesquisas anteriores sugeriram que usuários de ecstasy apresentaram um desempenho pior do que não usuários em alguns testes de habilidade mental. Porém havia preocupações de que os métodos usados nesses estudos foram falhos, e os testes tenham exagerado nas diferenças cognitivas entre os usuários e não usuários de ecstasy. Então foi realizada a nova investigação, envolvendo 1.500 participantes, que recebeu um financiamento de de US$ 1,8 milhão do NIDA. Ea foi elaborada para minimizar as limitações metodológicas de pesquisas anteriores.
- Pesquisadores já sabiam há muito tempo que os estudos anteriores sobre consumo de ecstasy tiveram problemas e os novos estudos sobre o tema tentam corrigir isso. Precisamos aumentar nosso conhecimento sobre essa droga - diz John Halpern, um dos principais autores.
Os pesquisadores relacionaram quatro problemas de metodologia em pesquisas anteriores sobre o ecstasy. Primeiro, adeptos da subcultura rave são repetidamente expostos à privação do sono e de líquidos, fatores que podem reduzir a capacidade cognitiva a longo prazo.
Em segundo lugar, participantes foram selecionados para usar drogas e álcool no dia dos testes cognitivos, para garantir que todos os participantes fossem testados ao mesmo tempo "limpos".
Em terceiro lugar, o estudo escolheu usuários de ecstasy que não costumavam usar outros medicamentos que podem, isoladamente, contribuir para o prejuízo cognitivo. Finalmente, a investigação corrigiu a possibilidade de que qualquer déficit cognitivo apresentado por usuários de ecstasy pudesse ter começado antes deles usarem as drogas.
Então, isso significa que o ecstasy é realmente uma droga livre de risco, que jovens podem usar em festas todo fim de semana sem ter que pagar um preço por isso? Halpern diz que não:
- O consumo de ecstasy é perigoso. Pílulas fabricadas ilegalmente podem conter substâncias nocivas, elas não trazem rótulos de advertência, não há supervisão médica e existe grande risco de morte por overdose. Esperamos que nosso relatório ajude a melhorar as mensagens de saúde pública. Por enquanto, não encontramos efeitos nocivos no que diz respeito ao desempenho cognitivo, mas isso não significa que o ecstasy é uma droga livre de risco.
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