segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uso de droga admitido por 15% da população do Grande Recife

do JC Online

Pesquisa do Instituto Maurício de Nassau revela que 15% da população da Região Metropolitana do Recife já usou algum tipo de droga. Ou seja, cerca de 550 mil dos 3,6 milhões de habitantes do Grande Recife consumiram substâncias entorpecentes ilícitas. Cinco por cento da população, o equivalente a 184 mil pessoas, admite ser usuária frequente de entorpecentes. Apesar disso, 94% dos entrevistados são contra a descriminalização das drogas.

A pesquisa entrevistou 815 pessoas, nos dias 6 e 7 de janeiro, nos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife. A margem de erro para o levantamento é de 3,5 pontos percentuais e o nível estimado de confiança no resultado é de 95%.

 

De acordo com o professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador da pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, Adriano Oliveira, o estudo revela alto consumo de droga na Região Metropolitana do Recife. Para Oliveira, um dos dados mais reveladores é o de que, mesmo com 12% dos entrevistados admitindo ter experimentado maconha, esse percentual pode ser maior, já que 58% dizem conhecer usuários frequentes da erva.

“Muitas vezes a pessoa pode ter ficado intimidada em admitir para o entrevistador que experimentou ou é usuário da droga. A partir do momento em que 6 entre 10 entrevistados afirmam conhecer pessoas que usam drogas, isso nos leva a crer que há um alto consumo de maconha no Grande Recife”, avaliou o coordenador da pesquisa.

Outro ponto importante destacado por Adriano Oliveira é a possibilidade de crescimento do percentual de usuários de crack e cocaína. “Pernambuco vive um momento de incremento da economia e de mais pessoas tendo melhoria de renda. Isso pode favorecer a expansão do mercado consumidor de entorpecentes, que ainda está concentrado na maconha”, concluiu Adriano Oliveira.

O coordenador do estudo visualizou também a necessidade de uma campanha de esclarecimento em torno da descriminalização das drogas. “Menos de 25% dos entrevistados sabem que descriminalizar significa não ser crime consumir drogas”, pontuou Adriano Oliveira.

A maioria dos entrevistados faz uma ligação direta entre drogas e violência. Para 62% da população, traficantes e usuários são culpados pela violência decorrente do comércio ilegal de entorpecentes. Somente 21% atribuem a culpa exclusivamente aos criminosos e 5% aos dependentes químicos.

Mesmo com a mudança na lei, ocorrida em 2006, que passou a não punir com prisão os usuários, 44% dos entrevistados acham que pessoas flagradas consumindo entorpecentes devem ir para a cadeia.

A pesquisa anotou no Grande Recife a existência de seis tipos de drogas mais comuns. Maconha, cocaína, crack, loló, LSD e oxi. Estes dois últimos mais raros. O LSD é um ácido que tem a apresentação mais comum de um microponto com menos de um grama e é consumido por via oral.

Já o oxi é mais um subproduto da cocaína misturado com substâncias ainda mais danosas do que as presentes nas pedras de crack. Também é fumado em cachimbos pelos usuários.

A íntegra da pesquisa pode ser acessada a partir de hoje pelo www.institutomauriciodenassau.com.br.

Do Jornal do Commercio

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