segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Método da USP detecta crack e cocaína nas primeiras fezes do bebê

do UOL Ciência e Saúde

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo) resultou em um método capaz de detectar a presença de crack e cocaína nas primeiras fezes após o nascimento do bebê, chamada de mecônio, que se acumula no organismo da criança a partir da décima segunda semana de gestação.

“Durante a gravidez, o uso de drogas lícitas, tais como cigarro e álcool ou ilícitas, como cocaína e crack podem prejudicar tanto a saúde da mãe quanto do feto. A análise do mecônio possibilita ao médico uma análise mais completa sobre determinados sintomas que a criança possa apresentar, como tremores, deficiências neurológicas, hipertensão arterial e síndrome da morte súbita em neonatos, mas que a falta ou a omissão de informações transmitidas pela mãe pode inviabilizar um diagnóstico mais correto”, conta a farmacêutica Marcela Nogueira Rabelo Alves.

A escolha pelo mecônio foi a busca de uma alternativa menos invasiva do que a extração de sangue ou líquido amniótico.

O método, denominado cromatografia gasosa acoplada a espectometria de massas (CG-EM), consiste no isolamento de uma parte do mecônio, retirado da fralda de bebês recém-nascidos, na purificação da amostra com cartuchos de extração em fase sólida e posterior injeção da mesma no equipamento. Toda a preparação e análise leva em média de 6 a 7 horas.

A pesquisa foi feita em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da da USP (HCFMRP), previamente avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do próprio hospital.O trabalho envolveu a busca por voluntárias com a garantia de sigilo absoluto sobre a identidade das mesmas, um termo de consentimento livre e esclarecido sobre a participação, um questionário e a análise das amostras.

A pesquisadora pôde constatar por meio da comparação entre o questionário feito e a conclusão de análise das amostras que ,“a maioria das usuárias quando grávidas não deixam de utilizar drogas e dificilmente informam ao médico sobre o uso de quaisquer tipos destas substâncias. Houve questionários em que a mãe negava o uso, mas análise mostrava um resultado positivo para o uso de crack ou cocaína”, aponta.

A cientista informa que a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em 2009, estimou um crescimento de 91% de usuárias de cocaína, em 3 anos, no Estado. “Um problema de saúde pública que assusta e se agrava em casos de gravidez”, finaliza.

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