do Globo.com
SÃO PAULO. O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, criticou hoje o programa de combate ao crack lançado pelo governo federal no mês passado. O tucano disse que não há espaço para "improvisar" sobre o assunto.
- É um problema (o crack) que, no começo, era São Paulo e agora está no Brasil inteiro. Eu não sabia do dado que o consumo tenha crescido no
Brasil na contracorrente da América Latina. Isso mostra a urgência e também o perigo de se improvisar nessa matéria. Quer dizer, faz pesquisa, vê que é um problema sério e vem com qualquer tipo de proposta ou ações tardias -afirmou o presidenciável.
Serra se reuniu com psiquiatras, representantes de organizações sociais e familiares de dependentes químicos, em São Paulo. No encontro, o tucano atacou a decisão do governo de somente financiar internações para dependentes químicos em hospitais.
- O SUS tem que financiar as iternações em clínicas especializadas ou em comunidades terapêuticas - cobrou. - Há uma resistência a isso. Uma resistência à ideia de que possa ter clínica especializada para dependente químico. Isso é considerado equivalente à questão de saúde mental e não se poderia segregar o doente de outros tipos de doentes. Mas os hospitais gerais não são equipados para isso - completou.
A reunião, agendada pela campanha tucana, aconteceu 19 dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar o Plano Nacional de Combate ao Crack. O tema também tem aparecido nos discursos da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Serra chamou pra a reunião dois médicos críticos do programa federal.
- É uma política equivocada confundindo manicômio com hospital - disse Valentin Gentil, professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ao final do seu pronunciamento, ele desejou "votos de sucesso" ao tucano na campanha.
Na reunião, o presidenciável ressaltou suas ações na área quando governador.
- Tem gente que é contra, e a proposta do governo federal espelha isso, clínicas especializadas em recuperação. Ou seja, eles são contra o que nós
criamos em São Bernardo do Campo, que é (um hospital) com internação. É contra até os AMES (ambulatórios médicos de especialidades) de psiquiatria que o governo está criando aqui em São Paulo e começam a funcionar em julho.
Ele demonstrou ainda insatisfação com o trabalho integrado da Secretaria Nacional Antidrogas e o Ministério da Saúde. Mas não deu detalhes sobre sua proposta.
- O atual esquema Senade e Ministério da Saúde não funciona no negócio da droga. A secretaria foi criada, se não me engano pelo próprio Fernando Henrique. Foi uma tentativa importante, mas não deu certo. Acho que temos
que ter uma outra forma que lide, de um lado, com repressão e, de outro, com a prevenção, educação e tratamento.
O tucano prometeu, se eleito, qualificar as equipes do Programa Saúde da Família em todo o Brasil para identificar casos de dependência química e
dar orientação sobre os primeiros procedimentos.
No final da reunião, o pré-candidato recebeu um documento do grupo com propostas de políticas públicas para o enfrentamento das drogas.
Ao chegar ao Hospital das Clínicas, local do encontro, Serra e parte da sua equipe ficaram presos no elevador. O equipamento, que estava no térreo e subiria até o 4º andar, parou antes de alcançar o primeiro pavimento. Serra estava acompanhado do pré-candidato tucano ao governo paulista, Geraldo Alckmin. Eles ficaram presos por alguns minutos até a chegada de um técnico. Quando a porta foi aberta, Serra vibrou e decidiu chegar ao destino de escada. Não é a primeira vez que o presidenciável é vítima de panes nessa pré-campanha. Em maio, ele quase caiu de uma escada rolante que parou repentinamente. Foi amparado por correligionários.
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