quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pesquisa traça perfil de usuário de crack na Cracolândia de SP

do R7

Levantamento feito por agentes de saúde da Prefeitura de São Paulo, obtido com exclusividade pelo R7, traça o perfil dos usuários de crack que vivem na chamada Cracolândia – região do centro que compreende parte dos bairros da Luz, Bom Retiro e Santa Cecília. Os dados são usados pela inteligência da Polícia Civil para orientar operações na área.

Realizado nos meses de abril e março deste ano, o levantamento considera apenas os dependentes de crack que concordaram em conversar com os agentes de saúde. Ao todo, 196 moradores da Cracolândia toparam responder a pesquisa. Outros 242 usuários foram identificados, mas não quiseram dialogar. No total, foram identificados 442 usuários na Cracolândia, o que representa 5% do total de pessoas em situação de rua de São Paulo, segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência Social de 2000 (os mais recentes da prefeitura).

De cada dez dependentes do crack, sete são homens. A maioria dá o nome de “José” e tem, em média, 35 anos de idade. É o caso de um paulista que disse aos agentes de saúde morar na rua por causa de problemas com a família. Começou a usar crack por conviver com usuários e, para sustentar o vício, vende sucata.

A pesquisa mostra que 89% dos entrevistados são de São Paulo e 11%, de fora do Estado - desses, a maioria vem do Nordeste. A maioria começa a usar crack depois de ter problemas com a família, segundo o delegado titular da 1ª Delegacia Seccional, Aldo Galiano. Muitos deles, já tinham problemas com bebidas alcoólicas, completa ele.

O delegado considera uma margem de erro de 20% nos dados da Cracolândia em razão do temor que os dependentes químicos têm de autoridades públicas. As informações norteiam as políticas de ação integrada dos governos municipal e estadual, que trabalham com diversas secretarias na região desde julho de 2009.

Crianças

Os agentes identificaram ao menos seis crianças em meio aos usuários de drogas da Cracolândia. Das seis crianças, um delas tem oito anos, outra, dez, e as quatro restantes, 12. Foram encontrados ainda 15 adolescentes, entre 13 e 17 anos. Menores de idade representam 10% dos dependentes da Cracolândia que concordaram em responder a pesquisa.

Para Aldo Galiano, o apoio da Fundação Casa (ex-Febem) tem ajudado a diminuir o número de menores na Cracolândia. Após serem detidos, os jovens voltam a ser acolhidos pelas famílias, diz o delegado.

No outro extremo, há seis idosos. A pessoa mais velha disse ter 65 anos.
Todos os meses, órgãos da prefeitura e do Estado se reúnem para discutir ações na Cracolândia. No começo do próximo mês, o delegado Galiano disse que pedirá à administração municipal priorizar o recolhimento de lixo na região. Ele quer evitar que os dependentes químicos vendam lixo para comprar crack – 70% dos habitantes da Cracolândia sustentam o vício dessa maneira.
– Nós infiltramos o pessoal da inteligência, você faz R$ 15 por dia. O lixo da Santa Efigênia [rua com grande concentração de comércio de eletrônicos] é muito rico.
A Polícia Civil estima que 200 famílias tirem o sustento do lixo na região. Na proposta a ser levada à prefeitura, está previsto o cadastramento delas e a retirada do lixo eletrônico da região. Galiano afirma que esses catadores ganham atualmente de R$ 250 a R$ 300 por mês e ganhariam um incremento na renda caso houvesse essa separação.
– Se for separado só o lixo eletrônico, elas ganham R$ 500 por mês.
Os outros 30% dos dependentes tiram o sustento traficando crack e outras drogas ou servindo de escolta para vendedores da droga.
– Quando alguém aparece com crack, o pessoal fica alvoroçado. Eles fazem uma espécie de segurança dos fornecedores [da droga].

Balanço

Procurada pelo R7, a Secretaria Municipal da Saúde informou por meio de nota que, desde julho do ano passado, quando foi implantada a chamada Ação Integrada Centro Legal, agentes de saúde e ação social realizaram 87.142 abordagens, 4.463 encaminhamentos de usuários a unidades de saúde e 240 internações.

Desde julho de 2008, agentes comunitários da Estratégia Saúde da Família, juntamente com equipes de assistentes sociais, têm feito diariamente abordagens a usuários de drogas que vivem na Cracolândia. Se o paciente aceitar ser avaliado, o encaminhamento é feito após triagem por um grupo de enfermeiros e médicos psiquiatras. Cada caso é analisado, para que sejam atendidas todas as necessidades clínicas do paciente, informou a secretaria.

Um comentário:

  1. É muito engraçado isso.
    Será que a solução é realmente tirar o lixo da região para que os viciados não catem e consigam dinheiro vendendo?
    Não estou defendendo uma cidade suja, não! Tou só alertando para o pão e circo!!
    Aqui no Ceará 'aterraram' um grande lixão. Daí vai político para a populaçãoe diz: "Extinguimos o mal da sociedade! Não tem mais lixão a céu aberto! Retiramos aquelas famílias que viviam do lixo da contaminação!" E blá blá blá.
    Mas o que foi feito para reintegrar decentemente aquelas família à sociedade?
    Criaram lá o galpão da reciclagem, mas só trabalha lá quem tem segundo grau completo.
    E desde quando família que depende do lixão para sobreviver tem segundo grau completo???
    Omissão.
    Circo para iludir quem mora no seu lindo apartamento e não percebe o que acontece nos submundo.
    Quer limpar a cidade? Tem que limpar mesmo! Tem que pôr mais cestas de lixo nas ruas. Sistema funcional de coleta de lixo e reciclagem. Trabalho de educação e conscientização da população em relação ao meio ambiente.
    Quer tirar a galera do vídio do crack? Excelente! Só não me venha fazendo firulas fingindo que está resolvendo um problema social desse jeito.

    Ih olhe, Iole

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