A comissão que saiu do Vale do Rio Pardo para participar da audiência pública sobre o tabaco, ontem em Brasília, está retornando à região pouco satisfeita. Os representantes locais – especialmente os prefeitos – esperavam um ferrenho debate envolvendo novas propostas de restrição ao fumo e tinham a expectativa de barrar o avanço de tais medidas. Entretanto, acabaram sentindo a falta dos deputados antitabagistas no evento e, desta forma, questionam a validade do que foi discutido.
Realizada pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, a audiência pública tinha como tema a implementação de medidas previstas na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Ainda na segunda-feira, prefeitos da região e lideranças ligadas à produção de tabaco tomaram voos rumo a Brasília, com intenção de demonstrar a importância econômica do setor fumageiro. Acreditava-se que parlamentares da chamada bancada antitabaco poderiam, no evento, sugerir a aplicação de novas restrições ao cigarro.
Entretanto, tal grupo nem esteve presente, conforme informou o deputado federal Sérgio Moraes (PTB). O parlamentar santa-cruzense relatou que o propositor da audiência, deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), se ausentou logo após abrir os trabalhos. “Foi um fiasco. Ao notar a presença de nossos prefeitos, a bancada antitabaco nem apareceu para o debate, para ouvir o que tínhamos a dizer”, disse Moraes.
Na avaliação do deputado, tal incidente torna ainda mais provável o surgimento de novas propostas contra o fumo. “Ficou mais perigoso. Vão agir nos bastidores, de forma sorrateira. Precisamos ficar atentos para isso.” Ainda conforme o relato de Sérgio, os discursos contra a produção do fumo ficaram restritos a entidades antitabagistas. De outra ponta, Romeu Schneider, da Afubra, e Iro Schünke, presidente do Sinditabaco, falaram sobre o potencial social e econômico da produção. Instituições governamentais expuseram questões técnicas.
Também presente, o prefeito de Vale do Sol, Clécio Halmenslager, sentiu falta de mais discussão. “Não houve debates, apenas exposições limitadas a quem estava inscrito. Nós, prefeitos, ficamos de fora.” Segundo ele, a partir dos discursos foi possível notar ainda a falta de incentivos para culturas alternativas a do tabaco. Outros prefeitos da região que estiveram na audiência foram Kelly Moraes (PTB/Santa Cruz do Sul), Rosane Petry (PP/Vera Cruz), Mário Rabuske (PP/Sinimbu), Joni Lisboa da Rocha (PTB/Rio Pardo), Lauro Mainardi (PMDB/Candelária), Bruno Radtke (PDT/Cerro Branco) e Sérgio da Rosa (PMDB/Novo Cabrais).
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