do Ciência Hoje
Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com Universidade do Texas, analisaram os dados do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira e perceberam que o consumo de maconha tem crescido relativamente, se comparado com outros países da América Latina.
Segundo os resultados, ser homem, ter entre 18 e 30 anos, entrar na universidade, estar desempregado e morar nas regiões Sul e Sudeste são alguns dos fatores que aumentam a probabilidade do consumo da droga.
O artigo, publicado no periódico Addictive Behaviors, baseou-se em alguns dos pontos analisados pelo questionário do levantamento, realizado pelo Ministério da Saúde e pela Unifesp.
Entre abril de 2005 e novembro de 2006, foram entrevistadas pessoalmente 3007 pessoas com mais de 14 anos, moradores de 107 municípios de todos os estados. Os dados coletados serviram de base para o artigo, que é o primeiro estudo sobre consumo de drogas que abrange todo o território brasileiro.
Um de seus autores, Paulo Menezes explica que a prioridade inicial era avaliar o consumo de álcool. Mas as respostas relacionadas à maconha surpreenderam os pesquisadores.
"Esse número serve como referência para analisar tendências para o consumo de maconha daqui para frente"
“Percebemos que 2,1% de toda a população brasileira consumiu maconha pelo menos uma vez entre 2005 e 2006”, conta o psiquiatra. Para ele, a porcentagem pode parecer pequena, mas o número em si é preocupante. “Esse número serve como referência para analisar tendências para o consumo de maconha pela população brasileira daqui para frente”.
Comparado com análises feitas em países da América do Norte, o consumo no Brasil ainda é pequeno. No entanto, outros estudos mostram que, enquanto em países europeus e norte-americanos o uso de drogas vem diminuindo, na América Latina e na África a tendência é aumentar.
“Acreditamos que o Brasil tem de tudo para que essa taxa de consumo cresça, por sua localização na rota do tráfico e pela alta predominância de jovens, parcela da população que mais usa a droga”, alerta Flávia Jungerman, também parte do grupo de pesquisadores.
Jovens, homens, universitários
De acordo com os dados coletados, jovens de 14 a 17 anos formam o segundo grupo que mais consome a droga, atrás daqueles entre 18 e 30 anos. A pesquisa levou sexo e condições sociais em consideração e percebeu que os homens são mais suscetíveis que as mulheres. Entre eles, a taxa de prevalência foi de 7,1%; já entre elas, de 1,6%. Além disso, observou-se que a droga é consumida com mais frequência nos grandes centros urbanos. Uma das explicações para tal seria o fácil acesso a drogas nessas áreas.
Ter maior nível de educação, estar desemprego ou pertencer a família de alta renda: consumo mais frequente
Ter um maior nível de educação, estar desempregado ou pertencer a uma família com renda melhor foram outras características associadas ao consumo mais frequente. Como grande parte dos usuários relatou morar nas regiões Sul e Sudeste, essas foram consideradas as áreas de maior preocupação.
Flávia Jungerman acredita que esses resultados podem servir para estimular outros estudos mais representativos sobre a maconha. Os resultados já obtidos são importantes para estimular a tomada de decisões e a busca de soluções para o problema.
“Uma das principais utilidades deste diagnóstico é poder elaborar estratégias preventivas e de tratamento para uma população de risco, concentrando-se nos homens e jovens de grandes metrópoles”, explica a psicóloga. Para ela, a solução está em medidas de prevenção e em políticas públicas que garantam maior acesso ao tratamento.
Larissa Rangel
Como assim? Problema?
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