do AdNews
A propaganda na TV estimula adolescentes e jovens ao consumo de bebidas alcoólicas. Essa é a conclusão da pesquisa da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). Segundo os dados, 69% dos anúncios são divulgados nos horários de programação esportiva, nos quais os adolescentes representam 10% do universo de telespectadores.
O dado alarmante é que s que se situam na faixa etária dos 14 aos 17 anos – que são proibidos de comprar e não podem ser alvo da propaganda – já consomem 6% de todo o volume de bebida comercializado anualmente. E os jovens de 18 e 29 anos, que representam 22% da população, consomem 40% de todo o volume.
A pesquisa foi divulgada durante o Seminário Álcool, Tabaco e Publicidade, promovido pela Abead na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por quatro pesquisadores da entidade, Raul Caetano, Ronaldo Laranjeira, Ilana Pinsky e Marcos Zaleski, responsáveis pelas pesquisas que relacionam a publicidade na televisão e os níveis de consumo da população.
Durante a programação esportiva, 80% da propaganda está relacionada à marcas de cerveja.
Em números gerais, 68,7% da população são consumidores de álcool, dos quais os homens representam 77,3%, e as mulheres, 60,6%. No consumo regular (de três a quatro vezes por semana ou diariamente) os homens ganham disparado das mulheres, com 9,1% contra 1,7%, e são a grande maioria entre o grupo de dependentes da bebida: 17,1% contra 5,7%, de uma média de 11,2% da população considerada dependente.
Homens entre 18 e 24 anos constituem a faixa etária mais preocupante. Destes, 23,7% de dependentes, contra 7,4% das mulheres.
Para o psiquiatra Raul Caetano, professor de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade do Texas, ligado a Abead, os números que mostram o consumo entre adolescentes de 14 e 17 anos são alarmantes. "É preocupante porque a lei proíbe o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos", disse.
Ainda para o psiquiatra, é preciso atentar para os dados de consumo na faixa entre 18 e 29 anos. "Segundo o IBGE, esse grupo representa 22% (um quinto) da população brasileira", explicou. "Se pensarmos que apenas pouco mais de 20% da população bebem 40% de todo o consumo anual de álcool e, mais ainda, que são jovens, fica evidente o risco que a publicidade, cada vez mais voltada a esse público, representa", concluiu.
A autorregulamentação também foi questionada por Caetano: "O controle da publicidade de álcool é, também, extremamente central, já que é especialmente dirigida aos homens e aos jovens, justamente os grupos que mais bebem. A autorregulamentação não funciona."
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