Fonte: Jornal do Brasil
Mauro Santayana
Em editorial de sua edição do dia 23 de agosto, Le Monde adverte contra a espiral da barbárie no México. Durante os últimos seis anos, sob a presidência de Felipe Calderón, calcula-se que 120 mil pessoas foram assassinadas no país, pelos bandos rivais de traficantes de drogas. A maioria absoluta dos mortos nada tinha a ver com o assunto. Os bandos executam em massa para “dar um recado” a seus adversários e intimidar os cidadãos. Em sua lógica pervertida, não ter o lado de uma gangue é estar do lado da outra — ou das poucas forças do governo que os combatem.
Como sempre, os jornalistas são as vítimas preferenciais — e, entre eles, os repórteres fotográficos. Dezenas de profissionais morreram, em atentados bem planejados, e sem qualquer chance de defesa. Ainda que a violência seja endêmica na América Latina — particularmente no México — a situação se agravou nos últimos seis anos, pela decisão do presidente Calderón de militarizar a repressão às drogas. O resultado efetivo foi a contaminação das Forças Armadas pelo poder do dinheiro do crime organizado, e o fortalecimento de suas facções.