do R7
O plano de combate ao crack lançado nesta semana pelo governo federal não convenceu dois dos mais respeitados especialistas sobre o assunto. Ao R7, o médico Ronaldo Laranjeira qualificou o programa de “mais do mesmo”, enquanto o pesquisador Elisaldo Carlini elogiou a iniciativa, mas descartou resultados em curto prazo.
Laranjeira coordena a Uniad (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas), e Carlini, o Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) - ambos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Para o primeiro, o erro do governo é insistir em programas que já não têm mostrado resultados.
- Eles estão propondo fazer mais do mesmo do que já tem sido feito, e que ainda se mostrou, ao longo dos anos, absolutamente inviável. Os poucos CAPs [Centros de Atenção Psicossocial] que existem no Brasil já não dão conta de atender os usuários de crack.
Segundo Carlini, o governo acerta em criar um programa unificado para isso, mas erra ao apresentar o plano como uma solução para o problema.
- Que há necessidade de um programa integrado para enfrentar o problema do crack, não há dúvida nenhuma. Por outro lado, acho que há um pouco de otimismo excessivo em achar que isso vai resolver a questão, porque ninguém do mundo sabe o que fazer.
O coordenador da Uniad comparou o plano ao PAC (Plano de aceleração do Crescimento), e disse que a intenção do lançamento foi eleitoreira.
- Tenho chamado esse plano de o “PAC do Crack”. É uma série de ações que já estão acontecendo, e que várias delas são coisas que a gente sabe que não dá certo.
Alternativas
Para o pesquisador, que no início do mês falou à Comissão de Assuntos Sociais do Senado sobre o tema, o governo deve investir em uma rede mais ampla de tratamento.
- É preciso regionalizar o financiamento, investir mais nas comunidades terapêuticas, em enfermarias especializadas, na criação de uma rede muito mais articulada. Só os CAPs são um mau negócio.
Já Carlini considera positiva a ampliação dos centros, porém, defendeu que o governo invista, sobretudo, em novas pesquisas sobre o tema.
- É preciso que o governo tente primeiro entender o fenômeno, ou seja, por que o individuo procura o crack, por que o número de usuários está aumentando, e quais são as características que levam a pessoa a usar a droga. Tem que ser algo simultâneo, e não é de uma hora para outra que o problema vai acabar.
Segundo o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), faltam dados sobre o consumo de crack no Brasil. Estimativas apresentadas no início do mês à Câmara dos Deputados, porém, dão conta de que o número de usuários da droga no país já passa de 1,2 milhão.
Faltou dizer que o Laranjeitas cobra caro, muito caro, pelas propostas de privatização que ele coloca como solução.
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