Do JCNet
Na tentativa de arrebanhar “clientes” para as substâncias tóxicas mais potentes, os traficantes de entorpecentes têm apelado para versões “turbinadas” de drogas antes consideradas pouco agressivas. Desde o início do ano passado, tem circulado em Bauru uma mistura da maconha com crack, batizada nos meios criminosos com o sugestivo nome de “mesclado”.
Nas festas e rodas de usuários, a substância costuma ser apresentada como uma maconha transgênica, mais potente que a comum. Às vezes, os traficantes também recorrem ao velho argumento da pureza (“esta é da boa”) para conseguirem empurrar seu peixe.
Ninguém sabe ao certo como o mesclado surgiu, mas a verdade é que ele ajudou a livrar os traficantes de alguns inconvenientes. Quando uma pedra de crack de um quilo é dividida em pequenas porções, aproximadamente 200 gramas transformam-se em farelo, tornando-se mais difícil de ser embalado ou mesmo manuseado.
A invenção do mesclado serviu para dar utilidade à essas sobras de crack. Com 200 gramas de farelo de “pedra”, é possível turbinar até cinco quilos de “erva”. Mas a principal vantagem para os traficantes é o poder que a “erva vitaminada” tem de arregimentar “seguidores”.
Conhecida por suas propriedades sedativas, a maconha tradicional costuma apresentar efeitos mais prolongados (embora menos intensos) nos usuários. Na versão turbinada do entorpecente, os efeitos estimulantes (típicos de substâncias como a cocaína e o crack) são instantâneos, mas também passageiros.
“Você passa a noite toda querendo mais e mais”, conta Roberto (nome fictício), 20 anos, que foi dependente de drogas dos 12 aos 19 anos de idade, período em que também trabalhou como “avião” para um traficante da região. Para a Polícia Militar (PM), a disseminação do mesclado faz parte de uma estratégia do tráfico para driblar o medo que parte dos usuários de drogas tem em relação ao crack.
“A mistura é uma forma que os traficantes encontraram de arrumar clientes. As pessoas, em geral, sabem que o crack é extremamente destrutivo. A maconha, por outro lado, é vista como algo inofensivo”, avalia o comandante do 4º Batalhão de PM do Interior (4º BPMI), major Nelson Garcia. O psiquiatra bauruense Sérgio Yutaka Sato, especialista no tratamento de dependências químicas, explica que os entorpecentes atuam na parte do cérebro responsável pelo prazer.
“No caso do crack, que é uma droga mais potente, a satisfação proporcionada ao usuário costuma ser muito intensa, a ponto de o organismo liberar de uma só vez todo o estoque de substâncias causadoras do prazer. Só que o efeito é rápido, e por essa razão, o indivíduo tende a ficar numa busca constante pelo entorpecente”, afirma.
O setor de inteligência da PM já identificou pessoas que chegavam a usar 30 porções de crack, numa única noite. Sato, que também atua no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Caps-AD) do município, diz ter presenciado casos ainda mais graves. “Sabemos de casos de pessoas que consumiram 70 pedras de um dia para o outro”, diz.
“Você não faz ideia do que um viciado faz para conseguir mais crack”, diz Guiomar Renzo Berto Gonzales Cruz, presidente da Associação Vaso Novo, grupo de apoio existente em Bauru, destinado ao tratamento de dependentes químicos. “Seu dinheiro vira fumaça”, afirma. Roberto.
isso é lenda, maconha quando é boa e chapa bastante não dá vontade de fumar vários depois, duvido muito que o crack que tem um cheiro químico horroroso daria um odor bom que nem uma maconha boa tem.
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