quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Teste para detectar maconha pode falhar, dizem médicos

Fonte: Folha de São Paulo

O teste de imunoensaio que a polícia usa para detectar se um motorista usou maconha pode dar resultados falsos, segundo médicos. Isso também pode ocorrer com a cocaína, mas a possibilidade é menor.

A polícia iniciou no Carnaval projeto-piloto na capital para detectar motoristas sob efeito de outras drogas além do álcool. No primeiro dia, entre sexta e sábado, um motorista foi pego com maconha.

Esse exame, feito a partir da coleta da saliva, pode ser distorcido por fatores como o pH (nível de acidez) da boca, diz Sandra Scivoletto, da Faculdade de Medicina da USP.

"Se [a pessoa] está muito tempo em jejum, tem alteração no pH da saliva. Pode dar falso positivo ou negativo."

Também pode haver "contaminação", explica André Malbergier, coordenador do grupo de álcool e drogas do Hospital das Clínicas. "Se ele [o motorista] estava com amigos e eles fumaram, o teste pode ter sido contaminado."

Segundo ele, o teste de saliva pode detectar se o motorista fumou maconha até 72 horas antes da fiscalização.

"Os testes de resposta rápida precisam de uma confirmação laboratorial para evitar um resultado falso", explica o toxicologista Ovandir Alves Silva, diretor do Ibemax (Instituto Brasileiro de Estudo e Avaliação Toxicológica).

EXAME CLÍNICO

Se o teste na blitz dá positivo, o motorista é levado ao IML para um exame clínico. O IML não atendeu a reportagem para explicar como ele é feito.

Um pesquisador da USP que pediu anonimato diz que esse exame verifica se a pessoa consegue expressar uma ideia coerente ou se fala de forma arrastada, por exemplo.

"Nós, como médicos, temos condições de dizer se a pessoa tem sua capacidade psicomotora alterada ou não", afirma Roberto Douglas Moreira, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Mas o teste clínico não é infalível, diz Sandra. Dirigir sob efeito da maconha é arriscado porque a percepção de tempo fica alterada, afirma, mas isso é "subjetivo e é difícil determinar em um exame clínico".

Outra questão é o tempo de ação da maconha. Para Sandra e Malbergier, o efeito dura poucas horas, mas o resquício no sangue ou saliva continuará por mais tempo.

Para ambos, a combinação de teste de saliva e exame clínico é a mais eficaz e é a mesma usada em outros países.

3 comentários:

  1. Embora maconheira que gosta de fumar e viajar (de carro, no caso), concordo que pode alterar a percepção e isso se tornar um risco.
    Mas sobre "a capacidade da pessoa de expressar uma ideia coerente", ao contrário do que pensam os médicos em questão, eu sempre tive em mente que as ideias se tornam mais aguçadas - e o máximo que pode acontecer é eu me esquecer do que ia dizer de repente - mas até hoje nunca me senti impossibilitada de raciocinar e me expressar por isso. Pelo contrário...

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    1. Coibir o motorista de fumar e dirigir nas quatro, seis horas seguintes, até vá lá...mas 72 horas é sacanagem. Vai dar falso positivo de montão.

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  2. Com o alcool é muito pior.Quem fuma sabe o q está fazendo já quem bebe........................

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