sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A arte da fumaça

Fonte: O Globo

Transcultura indica: Fernando de La Rocque expõe oito trabalhos que têm a maconha como matéria-prima

RIO - Depois de espalhar baratas pintadas de ouro pela cidade e gerar polêmica com uma série de azulejos eróticos na fachada da galeria A Gentil Carioca, o artista Fernando de La Rocque promete causar mais em sua nova exposição.

Baseado em questões como prazer, liberdade de criação artística, descriminalização do consumo da maconha e, claro, uma pontinha de polêmica, o artista expõe a partir da próxima quarta-feira, dia 15, na loja La Cucaracha, em Ipanema, uma série de oito trabalhos que utilizam fumaça de cannabis como matéria-prima.

— A inspiração veio de um passatempo interativo contido em um volume da revista “MAD” dos anos 1990, no qual você fazia um teste soprando a fumaça do cigarro num papel para saber a quantas andava seu pulmão. Quanto mais escuro o papel ficasse, mais periclitante era a sua situação — conta Fernando.

Foi assim que, em 2010, o artista começou a produzir estênceis e a criar imagens soprando fumaça de cannabis, através dos recortes das chapas, em papel de algodão. As figuras então se imprimiam no papel em tons de amarelo, marrom e dourado, quase como aparições — como ele passou a chamar as obras.

— É literalmente um blow job! — brinca Fernando.

O universo retratado é eclético. Vai de Santa Maria a Arnold Schwarzenegger, passando por Laica (primeira cachorrinha a ir ao espaço) e pelo ocultista Aleister Crowley. Todos relacionados a liberdade, prazer ou uso de cannabis. Santa Maria, por exemplo, é o nome usado pelos seguidores do Daime para designar a erva. E Santa Teresa é retratada a partir da escultura “O êxtase de Santa Teresa”, de Gian Lorenzo Bernini.

— Enquanto o assunto gera controvérsia, as pessoas acabam pensando, discutindo. Mas espero que, independentemente do material usado, elas percebam a qualidade estética das obras — ele diz.

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