Partido Liberal vai defender legalização da maconha no Canadá

Legenda que governou o país por quase 70 anos reconhece fracasso da guerra às drogas

Fonte: Opera Mundi

O Partido Liberal do Canadá, tradicional legenda política do país, decidiu neste domingo (15/01), em sua convenção bienal, que apoiará a causa da legalização do consumo da maconha. A proposta obteve apoio de 77% dos 1.400 delegados que participaram da votação.

Essa votação, no entanto, é só um primeiro passo. Não significa que a proposta será colocada em pauta por um deputado no Congresso canadense imediatamente ou quando os liberais eventualmente reassumirem o governo. A moção deverá ser votada novamente no próxima convenção, daqui a dois anos para ser incluída na plataforma política do partido. E o presidente da legenda ainda terá o poder de veto.

Os liberais estão atualmente no bloco de oposição ao governo conservador do primeiro-ministro Stephen Harper. O partido, de centro-esquerda, esteve no poder do país durante 69 anos no último século. Na última década, no entanto, perdeu muito espaço para os conservadores, de direita, e para o NPD (Novo Partido Democrata), à esquerda.

Guerra às drogas

O presidente interino do partido, Bob Rae, afirmou que a guerra contra as drogas não funciona mais, mas admitiu que os congressistas do partido precisarão estudar as implicações da resolução. “Francamente, o estádio atual das coisas não funciona e é isso que precisamos mudar. O Partido Liberal está dizendo que as leis atuais não funcionam e que precisamos de uma oura direção”, afirmou Rae.

Era lembrou que algumas questões práticas ainda precisam ser decididas, como por exemplo, como controlar o fornecimento da maconha legalizada. “Esse país não precisa de mais prisões, mas de menos criminosos”.

A resolução foi proposta pela ala da juventude do partido, e pede especificamente que o governo federal legalize o uso, regule o fornecimento e consume e taxe a produção e distribuição da marijuana. Também pede penas severas para o tráfico, importação e exportação ilegais do produto. Ela também prevê investimentos significativos em programas de prevenção e educação sobre os riscos da maconha, além de anistia para os canadenses condenados no passado pelo porte da droga.

Samuel Lavoie, presidente da juventude liberal, admite não ter certeza se a proposição passará na eleição para a próxima plataforma do partido, mas torce para que não seja ignorada. “Creio que todos no partido reconhecem que tivemos três mil filiados presentes nesse fim de semana. Essa resolução, embora seja controversa, passou com mais de 75% de apoio. Portanto acho difícil simplesemente ignorarem o resultado e a vontade de nossos membros”.

Para Lavoie, os liberais devem parar de temer a reação do Partido Conservador, que sempre tenta associar a causa à apologia ao crime. “Os funcionários do Partido Conservador no escritório do primeiro-ministro nunca voarão nos liberais.

Estamos falando com os canadenses, o fato é de que essa é uma política sensata, baseada em evidências muito fáceis de serem defendidas. E as pesquisas mostram que temos apoio da maioria da população. Há um consenso suprapartidário em relação ao tema, exceto em relação aos conservadores.Portanto acho que essa medida até vai nos trazer votos, e não o contrário”.