Fonte: O Globo
Proibido no ano passado, em 2012 o bloco Planta na Mente sairá da escadaria Selarón em direção aos Arcos da Lapa
RIO - Levantar uma bandeira durante o carnaval pode ser muito mais do que empunhar o pavilhão de sua escola de samba, como fazem as porta-bandeiras. Usar a folia para defender um ideal está cada vez mais comum. Os denominados “blocos com causa” prometem mexer muito mais do que os quadris. A legalização da maconha, a campanha contra as drogas e álcool, a defesa dos royalties do petróleo e até o consumo de alimentos sem agrotóxicos são alguns dos pleitos que estarão nas ruas do Rio.
Escadaria na Lapa é ponto de partida de desfile inédito
O democrático carnaval carioca tem espaço para todos. Enquanto no dia 12 de fevereiro, uma semana antes da folia oficial, cerca de 500 pessoas desfilam na Avenida Atlântica, em Copacabana, contra o abuso no uso de drogas e álcool, na quarta-feira de Cinzas, na Lapa, a luta é outra. Proibidos no ano passado de desfilarem, os integrantes do Planta na Mente, que defende a liberação da maconha, saem este ano da escadaria Selarón em direção aos Arcos da Lapa.
Em 2011, o Planta na Mente não conseguiu autorização da Riotur para desfilar e os integrantes foram barrados pelos fiscais da Operação Choque de Ordem. Este ano, tudo mudou. Depois da decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho do ano passado, que liberou a realização $eventos chamados “marcha da maconha”, a prefeitura não teve como impedir.
Antônio Henrique Campello, um dos fundadores do bloco, defende que desfilar no carnaval é uma maneira de lutar com arte e com cultura para mudar o conceito que as pessoas têm dos usuários de maconha.
Quanto ao uso da droga du$o desfile, Antônio garantiu que ninguém fuma. E ironiza:
— Que eu saiba em todos os desfiles rola um baseado. Nós não fumamos. É proibido.
Os integrantes do bloco fazem questão de frisar que a agremiação é aberta a todos, inclusive aos que não fumam maconha, mas apóiam a causa. O bloco sai na Quarta-Feira $Cinzas — às 16h20m em ponto, "horário mundial da maconha", de acordo com uma moda iniciada nos Estados Unidos.
Já em Copacabana, a discussão é outra: a dependência química. Há nove anos, o Alegria sem Ressaca desfila pela Avenida Atlântica, alertando para os abusos no uso de drogas e ál$. À frente do bloco está o psiquiatra Jorge Jaber, que trabalha com dependentes e realiza treinamento de monitores para atendimento gratuito. A rainha do bloco é a atriz Luiza Tomé. A folia dos 500 integrantes do bloco é só à base de água e refrigerante. Cerveja, nem pensar. Mas quem pensa que falta animação, não conhe$Marconeides Maria de Oliveira, cunhada de Luiza Tomé.
— Meu marido fez uso de todas as drogas imagináveis. Hoje, depois do tratamento, trabalha como conselheiro — contou a comerciante, dona de um armarinho no Leblon.
A aposentada Ângela Hollanda, mãe de um dependente químico, explica que um dos objetivos do bloco é levar a mensagem que é possível se divertir sem usar álcool ou droga. O desfile será no dia 12 de fevereiro, a concentração será às 9h, na esquina da República do Peru.
Facebook reuniu ex-funcionários de emissora
O carnaval também é aberto a outras causas. No dia 11 de fevereiro, desfila o Bloco Orgânico Cordão da Folha Verde, que concentra na Rua do Russel, na Glória, às 9h, prometendo muito amor pela terra e alegria pelo consumo orgânico. Já os funcionários da extinta Rede Manchete saem às ruas com o "Órfãos do Adolpho“, bloco criado a partir de um encontro no Facebook entre ex-funcionários que ficaram sem receber indenização. A concentração é no dia 11, em frente à antiga sede, na Glória.
E o Cordão do Bola Preta faz uma homenagem ao Rio com o lema “O Bola é nosso e o petróleo também”. A camiseta do bloco, criada pelo diretor de arte da Dimona, Rogerio Fires, tem um Pierrot de braços abertos sobre um mar de petróleo.
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