do R7
Embora as drogas sejam uma das principais fontes de renda do crime organizado, a descriminalização da maconha não deve enfraquecer facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. É o que diz Bo Mathiasen, representante da UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes), da ONU (Organização das Nações Unidas).
O dinamarquês foi um dos palestrantes desta quinta-feira (6) do 1º Simpósio Sul Americano de Políticas Sobre Drogas, em Belo Horizonte. Em entrevista após o evento, ele defendeu a manutenção da proibição da maconha devido ao “mal que ela pode causar” no corpo, mas minimizou a importância deste entorpecente no crime organizado.
- O crime organizado não existe em função da maconha. [...] Legalizar a maconha não vai trazer impacto nenhum sobre as facções criminosas.
O tema não encontra consenso entre os especialistas que participaram do encontro. A descriminalização da maconha, porém, já tem alguns defensores famosos no meio político, como o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
De acordo com o último relatório da ONU sobre o consumo mundial de drogas, divulgado em junho de 2009, a maconha ainda é o entorpecente ilícito mais consumido no mundo, já tendo sido usado por cerca de 3% da população mundial.
Enfrentamento
Para o representante da ONU, embora o Brasil tenha evoluído muito em relação ao combate ao tráfico de drogas, o governo federal deve investir em políticas públicas relacionadas ao tema em países da fronteira, como o Paraguai, porta de entrada de grande parte das drogas que chegam ao país.
- Para combater a droga e melhorar a segurança da região, o Brasil deve ajudar os países vizinhos a enfrentar o problema, pois é um líder regional.
Vedete da discussão sobre drogas no país, o crack não figura entre as drogas ilícitas mais consumidas do mundo, aponta a ONU. O representante do órgão, porém, alerta para a necessidade de se desenvolver políticas próprias para o combate a esse entorpecente e defende a ampliação de pesquisas sobre o tema.
O dinamarquês elogiou a instalação das Unidades de Polícias Pacificadoras em comunidades do Rio.
- É difícil dizer qual modelo seguir, mas ideias como essa são muito positivas. O Brasil está no caminho certo, mas tem o desafio de não deixar que esses bolsões de violência, onde existem um “poder paralelo”, continuem a crescer.
O próximo relatório da ONU sobre o consumo de drogas no mundo – no qual serão apresentados diversos dados sobre o Brasil – está previsto para ser lançado em 25 de junho deste ano. O simpósio continua até sábado (8).
*A jornalista viajou a convite da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
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